Já reclamei por aqui a ideia de que a gente é dominado por esse formato de arena das redes sociais e que se a gente não publica nelas a gente nem sequer é visto. Já em 2015 eu já dizia que ninguém visitava blogs. Por isso eu publicava no blogspot e deixava o link no Facebook — e ninguém clicava. Hoje, o seu substituto, o Instagram, já nem deixa postar links (até deixa, mas tem validade de 24 horas num story). E o substituto do substituto, o TikTok, pede que a gente poste vídeos — e minha habilidade de escrever redações dissertativas de até 15 linhas se perde.
A internet 2.0 trazia a ideia de que a internet era feita de pessoas (gente burra, como dizia um aí (e que eles iam dominar o mundo, porque são muitos — como dizia algum outro)), mas logo a gente descobriu que a internet 2.0 seria dominada pelas big techs e a praça pública passou a ser privada e cheia de propaganda. Fiz um levantamento rápido, e das 30 primeiras publicações que apareceram no meu feed do feice, 13 eram de páginas que eu não sigo ou publicações pagas. E, com isso eu recebo publicações sobre o Neymar, sendo que eu nem acompanho futebol, e não fico sabendo que a tal antiga colega do colégio já teve, inclusive, seu segundo filho.
Tudo isso pra dizer que vou tentar voltar a escrever minha coluna de opinião. Sei que já prometi isso antes, mas quero tentar exercitar minha escrita e deixar registrado o processo de pensamento que me fez chegar até aqui. Optei por manter no blogspot em vez de outras redes novas especializadas em textos (como o Medium), porque, já que de qualquer forma precisamos clicar num link (no facebook ou no instagram ou em qualquer nova rede que vier a substituí-las), que seja para o mesmo lugar que eu já publico a tanto tempo — desde 2007, no caso. Se for pra ser ignorado, que seja num lugar que eu escolhi. E se você está lendo isso, parabéns: escapou do feed por 0,3 segundos.