o sim e o não, o alfa e o ômega, o homem e a mulher, a langue e a parole, o yin e o yang.

01 outubro 2015

Livre Mercado Uber Alles

Pra mim não faz sentido proibir o tal do Uber. Caso eu ache o ensino público ruim, eu tenho o direito de abrir uma escola behaviorista que prega que a vida, o universo e tudo mais tenham sido criados em seis dias; mas, se eu achar que o serviço de transporte da minha cidade é ruim, fodse, eu não tenho o direito de abrir uma empresa de transporte que seja boa.

Dentro da lógica de mercado do nosso país, a gente pode explorar alguns serviços livremente. Mas outros ficam “monopolizados” pelo governo; é o caso da exploração de petróleo, por exemplo. Já outros serviços são concessionados; isso quer dizer que o governo não é capaz de oferecer serviços de qualidade naquela área e prefere deixar que empresas privadas especializadas lucrem com aquela atividade – é o caso das estradas pedagiadas e dos canais de tv e de rádio.

E, por algum motivo que desconheço, os táxis e o transporte público em geral é setorizado e concessionado pra sempre. Por um lado, entendo que não seja interessante pro interesse do país que seja liberado pra que quem quiser a abertura de estradas privadas – tipo, uma do lado da outra disputando entre si os trechos onde tem mais movimento; e entendo que tem que haver algum tipo de controle sobre quem controla os canais de tv, pra que não haja mil canais interferindo no sinal um do outro – embora não ache que as licenças devam ser vitalícias como são e livres pra fazer o que quiserem. Mas, por outro lado, acho meio absurdo que um serviço tão essencial como o transporte seja monopolizado. Até entenderia se fosse monopolizado pelo estado; mas não me parece fazer sentido ser monopolizado por grupos de empresas concessionadas.

Do mesmo jeito que acho que, embora dever do estado, a escola não deve ser exclusividade do estado, acho que o estado pode, sim, concessionar os táxis pra certas empresas, mas subsidiando para garantir qualidade e preço baixo; assim, a galera do Uber ia ter dificuldades para conseguir fazer um serviço sofisticado e barato; o usuário ia ter que escolher entre ter um serviço mais requintado porém caro ou um serviço mais simples só que barato. Ou liberar de uma vez pra iniciativa privada!

(semana passada eu tava aqui defendendo a esquerda e sei lá o que mais e agora tô aqui falando de livre mercado e liberalismo e mises e)

Acho que o governo só precisa fazer uns ajustes pra que o Uber se encaixe dentro dos moldes das empresas brasileiras, que cumpra seus deveres e que vendam seu produto como qualquer outro fornecedor de serviços.

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