No texto anterior, eu queria incluir uma charge que vi há alguns anos: várias pessoas em cima de banquinhos, cada uma com um megafone na mão, todas falando, nenhuma ouvindo, e a legenda dizia "Twitter". Procurei a imagem no Google, revirei o Pinterest, até tentei aqueles sites obscuros de arquivos de memes antigos — nada. Desesperado, pedi ajuda ao Gemini. Ele não busca imagens, claro (afinal, não é um cachorro farejador de pixels), mas sugeriu recriá-la. E essa foi a ilustração que acabou no post.
E aqui começa o primeiro ato dessa comédia: uma discussão sobre autoria que nem Sartre resolveria. Porque, veja bem, o desenho original não saiu dos "dedos" digitais da IA — alguém, em algum lugar, teve essa ideia genial primeiro. Eu não paguei direitos autorais, não dei os créditos (afinal, quem merece o mérito aqui?), mas usei o conceito como se fosse meu. E agora tenho uma imagem nova, brilhando no blog, como se tivesse surgido por geração espontânea. Mas então: quem é o verdadeiro autor? O cara que pensou na metáfora visual? O algoritmo que a regurgitou? Ou eu, que dei a ordem como um imperador romano dizendo "Façam-me um meme"?
Os robôs de IA ainda não criam sozinhos — ou melhor, criam, mas como aquela criança que junta palavras aleatórias e diz que escreveu um poema. Sempre tem um humano por trás, descrevendo o que quer, ajustando prompts como quem sussurra "mais para a esquerda... não, sua direita!" para um pintor cego. Com essa charge, foi exatamente isso. O Gemini não captou a metáfora, mesmo depois de eu explicar 15 vezes, em três línguas, com emojis e diagramas. Sua resposta foi digna de um atendente de telemarketing: "Entendo sua frustração, mas sou um modelo de linguagem. Consigo discorrer sobre metáforas, mas não posso materializá-las em imagens. Que tal um haiku sobre solidão digital?"
E agora, o plot twist: este texto que você lê foi gerado por uma IA (o DeepSeek, no caso). Mas — e isso é importante — não foi um "Ctrl+C, Ctrl+V" descarado. Eu o escrevi primeiro, na raça, com erros de português e tudo. Depois, pedi ao robô que o aprimorasse, como quem manda um ensaio para um editor mal-humorado. Antes disso, ainda ordenei que ele lesse meus outros posts como um ator que estuda um personagem. O resultado? Cabe a vocês, leitores detectivescos, decidir se passou no teste de Turing ou se, em algum momento, o texto escorregou e caiu no vale da uncanny valley.
P.S.: Para fechar com chave de ironia, pedi ao ChatGPT que gerasse a imagem deste post. O resultado? Um robô segurando um megafone... que, por sua vez, solta balõezinhos de fala cheios de código binário. Meta o suficiente para você?
[N.doHumano: ironicamente, a imagem do ChatGPT ficou melhor do que imagem do Gemini -- mas pro texto anterior. A ideia que o DeepSeek deu pra esse ficou melhor, mas ele não cria imagens]
3 comentários:
Independente da existência preceder a essência (ou vice-versa), quando falamos de textos revisados por IA, acredito que a verdadeira essência ainda vem de um humano. A IA pode sugerir, refinar, até imitar de forma bastante impressionante — mas ela não sente. E é nesse espaço, entre simular e sentir, que mora a verdadeira autoria. O texto pode ficar tecnicamente impecável, mas, para mim, o que importa é o toque humano que dá alma ao que foi escrito.
Sobre a imagem, também vejo autoria no gesto de conectar ideias, recriar imagens, costurar o vivido com o pensado. Lembrei de Roland Barthes e sua teoria da morte do autor. E, se é verdade que, quando um leitor abre um livro, um novo texto nasce — talvez o mesmo valha para essa nova fase em que as máquinas entram em cena. Mas vale lembrar, ainda é preciso um humano que nos faça parar, pensar e sentir.
E, sim, para mim, esse texto passou no teste de Turing. Ele me fez refletir, me tocou de forma genuína — o que, no final das contas, é o que importa.
Postar um comentário