o sim e o não, o alfa e o ômega, o homem e a mulher, a langue e a parole, o yin e o yang.

02 setembro 2015

Quem ainda escreve em blog?

Quando eu comecei esse blog, lá em 2010, ainda fazia sentido ter blogs. E ainda fazia sentido usar o Orkut.

Hoje o conteúdo que as pessoas publicam é muito mais volátil. Um tweet tem 140 caracteres e é um tipo de interação que pressupõe o momento de fala. Mesmo que você seja muito fã do que uma pessoa escreva, não faz sentido ler tudo que ela escreveu no Twitter.

Quando os blogs surgiram, lá em 2000, a internet era bem menos interativa, as pessoas precisam buscar conteúdo; e as pessoas não tinham onde publicar o que elas pensavam – antes da internet, as pessoas não tinham onde publicar nada. Os blogs eram espaços “privados” onde a pessoa podia postar o que quisesse pra quem ela quisesse. Por isso, existiram blogs de tudo; desde diários de adolescentes (que nem o escritor ia querer ler mais tarde) a discussões filosóficas (que antes só aconteciam em mesas de bar).

Com o advento do Facebook, a internet ficou mais democrática. Ali naquele mural você posta o que der na telha e segue outras pessoas que postam aquilo que elas querem. Tudo no mesmo espaço, ao mesmo tempo: numa linha o diário adolescente das pessoas postando selfies loucamente e na linha seguinte as pessoas discutindo o melhor jeito de mudar o mundo. E na linha seguinte qualquer coisa entre quaisquer extremos (in)imagináveis.

Entretanto, uma coisa que me incomoda no Facebook é a não possibilidade de voltar e reler o que foi discutido antes. Num mesmo mural posso postar sobre a música alta do meu vizinho, sobre minha unha do pé que quebrou quando chutei o canto da porta, sobre o mundo, o universo e tudo mais e tudo mais; se eu quiser revisitar uma discussão que tive com alguém dois anos atrás, fica bem difícil achar no meio de tanta informação.

Por isso que quero voltar com esse blog.

Inicialmente, a proposta dele era que ele fosse um “diário” das minhas opiniões. Um exercício pra que eu pensasse sobre as coisas que me rodeiam. E para que eu pudesse ver como minhas visões mudavam com o passar dos anos. “Um blog de mim pra mim mesmo e para quem quer que venha a se interessar em debater os velhos pensamentos já várias vezes discutidos”.

E eu fiquei 4 anos sem postar nada, sem escrever nada. Teve tanta coisa que pensei em escrever: meu contato com o feminismo, com o sindicalismo, com o veg(etari)anismo, com o estrangeiro; minha opinião sobre junho de 2013, sobre os maconheiros da usp, sobre aborto, sobre as eleições de 2014, sobre o massacre de 29 de abril. Pelo que percebi, toda semana tem alguma polêmica interessante pra se posicionar; material de inspiração existe.

Vou tentar manter algum tipo de responsabilidade e tentar escrever (mais ou menos) semanalmente. Mas eu me conheço.


face 

Um comentário:

Alex disse...

Acho que os blogs ainda existem. O problema é que as pessoas só chegam neles via facebook, onde o costume é ler a manchete, curtir e ficar de boas! Concordo contigo sobre o nocivo limbo de esquecimento em que caem as discussões de facebook, mas ainda não achei uma solução pra atrair mais gente pra lugares como esse. Se esses tubarões conseguiram devorar fóruns grandes, aqueles com milhares de usuários cadastrados, o que seriam dos blogueiros? Aquele peixinho que fica na aba dele, comendo os restos da última vítima?