o sim e o não, o alfa e o ômega, o homem e a mulher, a langue e a parole, o yin e o yang.

23 setembro 2011

Clandestino

Já cheguei a pensar que pra consertar o Brasil seria necessária uma reforma geral no sistema judiciário; afinal, é culpa dele que ladrão de galinha pegue prisão perpétua e filho de político mesmo tendo roubado, estuprado e esquartejado a galinha é liberado impunemente.

Uma solução pra essa impunidade seria existir uma comissão em vez de UM juiz por caso; a chance de os valores morais do indivíduo serem levados em consideração seria menor – a justiça, desta forma, seria mais cega. 

Outra alternativa seria fazer com que existissem mandatos para o judiciário – se os outros dois poderes funcionam assim, por que não esse também? Claro que, ao contrário dos outros dois poderes (se bem que questiono isso), no judiciário não poderia haver gente desqualificada; por isso, não seria uma má ideia fazer concurso público para o mandato – cinco, dez anos, no máximo. Se assim fosse, um juiz “jovem” não levaria em conta valores morais de trocentos anos atrás para tomar uma decisão.

Entretanto, mesmo ainda concordando com essas ideias, acho que só isso não bastaria. Como na maioria das mudanças que esse país precisa, uma revolução não resolveria; seria necessária uma mudança muito grande no jeito com que os brasileiros lidam com a lei. 

Não sei como é isso nos outros países; pode ser que, na pior das hipóteses, esse seja um problema do ser humano. 

Pra gente – e desde cedo somos incentivados a acreditar nisso –, burlar uma lei e não ser pego é atitude de gente esperta. Conseguir passe-escolar, vale-gás, bolsa-família, seguro-desemprego, mesmo não atendendo as exigências mínimas, é golpe de mestre, digno de orgulho. No trânsito, errado é aquele que segue as leis de trânsito e, feito um idiota, anda a 40km nas ruazinhas de seu bairro. O problema de andar acima do limite ou sem cinto ou sem sinalizar nada tem a ver com segurança, mas com a presença ou não de um guarda ou de um radar. 

Enquanto na nossa cultura a gente acreditar que o único mal de infligir a lei é a punição que pode nos assolar, não vai servir de nada nem um tipo de reforma ou revolução nas leis ou na forma como elas são criadas. Enquanto isso, o Tiririca pode continuar lá – ou o macaco Tião.

Um comentário:

willian disse...

http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1179147