o sim e o não, o alfa e o ômega, o homem e a mulher, a langue e a parole, o yin e o yang.

03 outubro 2010

Politik

Politicamente falando, ser brasileiro significa ser alguém que não acredita que possa ser possível ver uma luz no fim do túnel; significa não acreditar nas pessoas e não confiar em estranhos – assim como se espera que ninguém confie em você.

Me indigna saber que o povo de fato elegeu o Tiririca. Nada contra ele, não o conheço de verdade para poder tirar conclusões; mas acho que não podemos esperar muito de alguém que admite nem saber o que um deputado federal faz. Mas não me surpreende o fato de ele ter sido eleito: só prova que o povo que o elegeu (que somam quase um milhão de pessoas) também não sabe para que serve um deputado federal.

Brasileiro não tem cultura política. Mas não quero aqui investigar e tentar achar onde tudo começou. É apenas no quarto ano do ensino fundamental que aprendemos sobre os três poderes – depois, nunca mais! Mesmo o melhor aluno da classe, depois de, pelo menos sete anos (se ele votar com 16), não vai lembrar que um deputado faz parte do poder legislativo e não tem o poder de fazer obras. Ou seja, não adianta votar no deputado que prometeu fazer asfalto na sua rua.

E, acreditando nas conspirações contra os parâmetros curriculares nacionais, não é interessante pro governo mudar isso. Cidadãos críticos não aceitariam corrupção nem candidatos com propostas pouco promissoras nem, muito menos, candidatos que não sabem o que faz um deputado federal.

A culpa de a nossa política ser assim não é só dos eleitos, nem só dos eleitores; os dois grupos são formados por pessoas que não sabem o que querem. Falar que não gosta de política não é algo imoral em nossa sociedade; em qualquer conversa despretensiosa você vai poder dizer que não acredita na política, que você vai anular seus votos, que políticos são todos corruptos, que de nada adianta mudar os cabeças, que a sujeira vai continuar; não é feio ser apolítico.

Por isso que pra mim parece uma coisa de outro mundo o fato de ter sido o povo o responsável pelo impeachment do Collor em 1992. Se o povo nem sabe pra que serve o presidente, como pôde ter o engajamento político suficiente para ir às ruas e derrubá-lo? Eu infelizmente prefiro acreditar nas teorias de conspiração de manipulação midiática e nas lorotas de além do cidadão Kane.

2 comentários:

willian disse...

talvez as pessoas que votaram no Tiririca até saibam o que é o tal deputado federal. votar nele talvez seja uma forma de protesto.
talvez.
afinal, as pessoas, de modo geral, fora de época de eleições, nem lembram que existem políticos

Deyse Salatiel disse...

Olha só. Estava eu passando pelo teu orkut pra deixar um Oi e me deparei com novos links.
Li os posts e tenho que dizer que vai ser interessante passar por aqui de vez em quando e ver sobre o que você está falando. (:
Política.
Realmente parece coisa de outro mundo o impeachment do Collor. Dizem por ai que quando a coisa fica feia o povo se mobiliza. Se foi esse o caso ou se a alguns anos atrás existiam pessoas mais conscientes politicamente, aí eu ja não sei.
Lendo o post me lembrei de termos conversado sobre a questão do ensino 'político' no Brasil, sobre os três poderes, enquanto você estava por aqui.
Ainda acho que, pro povo brasileiro, votar nada mais é que obrigação + unidunitê.